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Desde custo de uso à dificuldade de adoção, existem questões que precisam ser esclarecidas para auxiliar quem pode fazer bom proveito da tecnologia

Mesmo a computação em nuvem já fazendo parte da estrutura de empresas de diferentes segmentos se tamanhos, não é tão incomum assim ouvir CIOs ou outros profissionais envolvidos com o uso da tecnologia proferirem como verdade algumas das “lendas urbanas” que estão relacionadas com essa solução.

“A computação em nuvem está relacionada a recursos entregues como serviço, com uma fronteira clara entre o fornecedor e o consumidor. Para a maioria das pessoas, isso cria um cenário em que ‘na Nuvem’ significa ‘onde a mágica acontece’. Não deveria ser surpresa que esse ambiente esteja repleto de mitos e mal-entendidos”, afirma David Smith, Analista Vice-Presidente e Membro Emérito Distinto do Gartner.

E quais são os principais mal-entendidos relacionados à computação em nuvem? Abaixo, o analista elenca as “desverdades” mais ouvidas e explica o porquê essas concepções não podem ser encaradas como verdadeiras:

1) A Nuvem está sempre relacionada ao dinheiro

O mito predominante sobre a computação em nuvem é que ela sempre economiza dinheiro. Às vezes, esse é o caso, mas há muitos outros motivos para migrar para a nuvem, sendo o mais comum deles a agilidade.

Todas as decisões de negócios, incluindo aquelas sobre Nuvem, são basicamente sobre dinheiro. Mesmo que a agilidade seja o objetivo final, o custo ainda é uma preocupação, então não suponha que você economizará dinheiro a menos que tenha feito o trabalho duro de analisar honestamente sua situação.

Utilize o custo total de propriedade e outros modelos caso a caso, ou segmente a nuvem por casos de uso. É importante olhar além das questões de custo e garantir que os negócios não tenham expectativas irreais de economia de custos que não sejam cumpridas.

2) Você tem que estar na nuvem para ser bom

Você é um “Cloud-Washing”? Cloud-Washing, ou a tendência de chamar de nuvem as coisas que não são, pode ser acidental e resultado de confusão legítima.

Mas as organizações e os fornecedores de TI chamam de computação em nuvem muitas outras coisas, como parte de seus esforços para obter financiamento, realizar vendas e atender a demandas e estratégias de nuvem mal definidas.

Isso resulta no mito de que um produto ou serviço de TI precisa estar sempre na nuvem para ser bom. Em vez de confiar nessa tendência Cloud-Washing, chame as coisas pelo que realmente são. Muitos outros recursos, como automação e ‘virtualização’, são fortes o suficiente para se sustentarem por si próprios.

3) A nuvem deve ser usada para tudo

A nuvem é uma ótima opção para alguns casos, como cargas de trabalho altamente variáveis ou imprevisíveis, ou para locais em que a provisão de autoatendimento é essencial.

No entanto, nem todas as aplicações ou cargas de trabalho são adequadas para a Nuvem. Por exemplo, a menos que economias claras de custo possam ser percebidas, mover uma aplicação legada geralmente não é um bom caso.

O uso da cloud computing pode não beneficiar todos as cargas de trabalho igualmente. Não tenha medo de propor soluções sem Nuvem, quando apropriado.

Cloud Computing

4) “O CEO disse” é uma estratégia de nuvem

O CIO”, “o conselho de administração” ou alguma outra fonte ilusória pode substituir o CEO nesse mito. Muitas empresas ainda sequer possuem uma estratégia de Nuvem e esse plano deve estar baseado em metas comerciais sólidas e expectativas realistas.

Uma estratégia para uso dessa tecnologia deve ser mais do que uma ordem – deveria identificar os objetivos de negócios e mapear os benefícios potenciais que a Nuvem retorna para esses objetivos. A nuvem deve ser pensada como um meio para atingir um fim. O fim deve ser especificado primeiro.

5) Precisamos de uma estratégia ou de um fornecedor de nuvem

Mesmo com mais interesse em multicloud hoje, muitas empresas ainda desejam simplicidade. No entanto, a computação em nuvem não é uma coisa única e uma estratégia envolvendo essa ferramenta precisa estar baseada nessa realidade.

Os serviços de nuvem são amplos e abrangem vários níveis, modelos, escopos e aplicações, sendo que uma estratégia que envolva a adoção dessas soluções precisa ser capaz de acomodar o uso de mais e mais serviços em nuvem.

Por isso, a organização precisa perceber que será relativamente impossível obter tudo de um fornecedor. Uma única estratégia de nuvem só faz sentido se usar uma estrutura de decisão que permita e tenha a expectativa de várias respostas.

6) A nuvem é sempre mais segura do que os recursos locais

No passado, a computação em nuvem era percebida como menos segura do que os recursos locais, mesmo tendo ocorrido apenas poucas violações de segurança na nuvem pública e, muitas delas, devido a uma configurarção incorreta do servidor.

Hoje, a maioria dos fornecedores investe significativamente em segurança, percebendo que seus negócios estariam em risco caso não o fizessem. Isso ainda não significa que a segurança seja garantida na nuvem, já que ela é uma responsabilidade compartilhada entre o fornecedor e o consumidor.

Os CIOs não deveriam supor que os fornecedores de nuvem não são seguros, mas também não deveriam supor que são. Como os níveis de segurança de fornecedores variam, avalie seus recursos atuais e os recursos de seu potencial fornecedor e mantenha ambos em padrões aceitáveis.

7) O uso de multicloud impedirá a dependência

A maioria das organizações geralmente começa com um fornecedor de para cloud computing, mas acaba se preocupando sobre ser dependente demais de uma única empresa e começa a cogitar o uso de outras estruturas, movimento conhecido como multicloud.

A multicloud também pode adotar uma abordagem baseada em funcionalidade. Por exemplo, uma organização pode usar a Amazon Web Services como seu principal fornecedor de infraestrutura em Nuvem, mas decidir utilizar a Google Cloud para análises e Big Data.

Os líderes de TI não deveriam supor que apenas ter multicloud como parte da estratégia de Nuvem soluciona todos os problemas relacionados à dependência. Se a dependência for identificada como uma questão em potencial, então será necessário um esforço mais concentrado para encontrar soluções reais.

8) Depois que mudei para a nuvem, estou preparado para tudo

Existem muitos caminhos diferentes para a nuvem, que variam de uma simples reorganização (ou “levante e mude”), normalmente via infraestrutura como serviço, até uma mudança completa para uma aplicação implementada por meio de um fornecedor de software como serviço (SaaS).

Esse serviço funciona tanto um modelo operacional quanto uma tecnologia, sendo que s organizações que obtêm sucesso com o uso da solução adaptam seu processo operacional para aproveitar totalmente os princípios da Nuvem.

Para tirar proveito desses recursos, é essencial entender seu modelo e ter expectativas realistas. Você não pode simplesmente migrar toda a estrutura para a Nuvem e ter a expectativa de já estar preparado.

Depois que uma carga de trabalho é movida, o trabalho está, de várias maneiras, apenas começando. Serão necessárias refatoções ou transcrições adicionais para tirar proveito da tecnologia.

 

O gerenciamento contínuo de custos e desempenho também será fundamental para o sucesso. Certifique-se de incluir as atividades pós-migração como parte do plano de implementação de nuvem.

9) As empresas estão voltando da nuvem pública

A ideia de que as cargas de trabalho estão sendo repatriadas da nuvem é uma ilusão primária por parte dos fornecedores legados que se beneficiariam se esse mito fosse verdade.

A realidade é que a maioria das empresas não reverteu as cargas de trabalho da nuvem. Entre as que reverteram, a maioria não vem da infraestrutura como serviço (IaaS), mas de SaaS, colocation e terceirização.

Isso não quer dizer que toda migração de Nuvem seja bem-sucedida. No entanto, é mais provável que as organizações resolvam problemas à medida que surgem, em vez de abandonar sua estratégia de Nuvem e reverter as aplicações ao seu local original.

10) Temos uma estratégia de implementação/adoção/migração de nuvem

Existem três níveis para criar estratégias.O primeiro nível é uma estratégia de negócios de longo prazo, que vem do CEO ou do conselho de administração e se destina a todos para que se entenda a missão da organização.

O próximo nível são os planos estratégicos. Eles são mais intermediários e podem existir vários, sendo que a estratégia de uso para a nuvem se encaixa aqui.

Por fim, existem os planos operacionais. No universo da cloud computing, isto é um plano de adoção de nuvem, um plano de implementação de nuvem ou um plano de migração para nuvem.

Esses planos geralmente são chamados erroneamente de estratégia de nuvem. A estratégia deveria ser a base para os planos de implementação. Afirmar “estamos inteiramente dentro” não é uma estratégia.

Do mesmo modo, um plano para desativar o data center não é uma estratégia de Nuvem. Para ser chamado de estratégia, o planejamento precisa ser abrangente, declarado explicitamente e separado dos planos de implementação.

Quando os CIOs e outros líderes de TI planejarem o uso da nuvem em 2020, ter uma forte compreensão do que é mito e do que é realidade ajudará a formar expectativas realistas em torno dessa tecnologia.

Desmascarar esses mitos será fundamental para as organizações tiraram vantagem com sucesso dos muitos benefícios que a Nuvem pode oferecer.

Fonte: ComputerWorld