O que é ROI?
ROI é uma sigla em Inglês que significa return on investment. Traduzindo para o nosso Português, retorno sobre investimento. Ou seja, quando alguém faz um investimento em algo, um retorno é esperado. Geralmente esse retorno é dinheiro no tempo.
Exemplos de retorno sobre investimento:
Você compra R$ 1.000,00 em ações de uma empresa. Supondo que tenha sido um bom investimento, em uma empresa que cresce constantemente, em determinado momento, vamos dizer 5 anos, aqueles mil reais se transformaram em R$ 2.000,00. Ou seja, o investimento que você fez levou 5 anos para atingir o ponto de retorno e então, a partir de agora, todo crescimento que ela tiver é lucro.
Outro exemplo é quando uma empresa compra um determinado equipamento para aumentar sua produtividade. Vamos supor que o investimento no maquinário foi de R$ 50.000,00 e que essa máquina fabrica um produto que pode ser vendido por R$ 1,00, com uma capacidade produtiva de 100 unidades por dia. Sendo assim, serão necessários 500 dias de produção, na máxima capacidade, para atingir o ponto do retorno sobre o investimento realizado.
Claro que existem outras variáveis que podem deixar esse cálculo mais complexo como a inflação e desvalorização do dinheiro, pensando em investimentos financeiros, bem como a depreciação dos ativos, quando falamos de compras de equipamentos ou veículos.
O fato é que mais do que nunca, o ROI precisa acontecer o mais breve possível, já que a busca por redução de custo é um pensamento unanime na cabeça dos empresários.
Mas independentemente de momento, crise ou pandemia, ao longo dos meus anos de experiencia profissional e pessoal, aprendi que simplesmente não existe retorno sem investimento.
Por isso, é imprescindível trocar essa unanimidade de pensamento de redução de custos pela ideia de investir corretamente, pois apenas isso trará reduções de custo e aumentará a produtividade e a receita das empresas, ou seja, trará retorno.
“não existe retorno sem investimento”
Certo, e como calcular o ROI de um projeto de cloud computing?
Pois bem, fui desafiado recentemente por um cliente a provar que era possível ter um ROI extremamente rápido, como eu dizia, movendo parte da sua operação para nuvem e aceitei o desafio com a condição de sermos completamente francos um com o outro e abrir todas as informações necessárias para tal cálculo, sem nenhum compromisso de contratação do serviço de cloud ao final do estudo.
A seguir, detalho todo o processo, expondo informações, conversas e valores da forma mais transparente possível para um artigo de internet, preservando as partes.
Comecei o trabalho da maneira padrão, visitando um cliente com o qual mantinha bom relacionamento histórico, por já ter trabalhado com eles e conhecer um pouco de sua estrutura de TI, da época que implantei um ERP para gerenciar sua operação e não me surpreendi quando ele me disse que seus servidores eram os mesmos de 6 anos atrás.
O momento de o cliente trocar seus servidores já havia inclusive passado, pois eles estavam sem garantia, no limite da capacidade e por vezes atrapalhando a operação.
Voltando ao meu escritório, iniciei a cotação da infraestrutura em nuvem, como serviço para o cliente. O orçamento era para 3 servidores, um para arquivos, outro para aplicação e o terceiro para banco de dados, todos incluindo licenciamento de Windows Server e também o SQL Server para o banco de dados do ERP e antivírus, sendo todos eles hospedados em meu datacenter com continuidade na Azure, nuvem da Microsoft, backup e gerenciamento. Ou seja, pacote completo para garantir o melhor desempenho e alta disponibilidade para operação do cliente.
Dois dias depois, realizei nova visita, dessa vez para apresentar a proposta e explicar todo o processo de migração e já preparado para as objeções do cliente em função do valor, tempo de contrato e custo total do projeto comparado ao orçamento que seu analista de TI já havia apresentado, para compra dos 3 servidores mais os licenciamentos de softwares necessários para atualizar a infraestrutura.
O cliente me recebeu em sua sala de reunião com apenas uma caneta, um papel impresso virado para baixo e uma calculadora. Eu me sentei ao seu lado com meu notebook e apresentei todos os diferenciais da minha empresa, do projeto e o valor mensal de R$ 7.000,00 pela contratação da infraestrutura como serviço e todos seus benefícios, em um contrato de 36 meses, corrigido anualmente pelo IGPM.
Rapidamente, como eu esperava, o cliente pegou a calculadora e multiplicou 7 mil por 36, chegando ao valor de R$ 252.000,00. Então, virou o papel impresso e me mostrou sua cotação de R$ 170.000,00 para compra de 3 servidores, 3 licenças de Windows e 1 licença de SQL Server e me perguntou: “Você está me propondo gastar 250 mil em 3 anos ao invés de gastar 170 mil em algo que deve durar de 5 à 6 anos? Como vocês conseguem vender isso?”.
Foi então que eu disse “essa não é a maneira correta de comparar esses valores. Tenho certeza que se fizermos alguns cálculos juntos, posso te mostrar que o investimento nesse modelo de negócio tem potencial para começar a dar retorno no início do terceiro ano!”.
Aí nasceu o desafio do cliente… suas palavras foram “eu fecho negócio com você se me provar que está certo” e então avançamos conforme descrito acima, com honestidade, comprometimento com o estudo e mesmo com suas palavras, sem o compromisso de fecharmos negócio.
Saímos da sala de reunião e nos dirigimos ao TI, eu já fazendo alguns questionamentos e tomando notas em meu celular.
Tratava-se de uma empresa que faturava em média de 2,5 à 5M de reais mensais, trabalhando 16 horas por 5 dias na semana. E tinha um único analista de TI, CLT, que custava ao redor dos R$ 8.000,00, fora encargos e benefícios. Nessa hora o cliente virou para mim e disse “não quero demitir meu analista”. Eu só sorri e disse “seria uma maneira muito fácil de fechar essa conta, mas não está nos meus planos te propor isso”.
Chegamos ao TI, quando o analista foi orientado a responder tudo que eu perguntasse. Então nos dirigimos ao rack e pedi que me mostrasse os 3 servidores que seriam trocados e eu anotei a potência descrita na etiqueta da fonte de cada um deles. Além dos 3, havia um outro servidor, que era o AD (Active Directory), um firewall e um aparelho de ar condicionado split, de 24 mil BTUs, que ficava ligado 24/7. Também anotei a potência desses outros.
Questionei sobre links de internet e valores pagos e basicamente possuíam o seguinte:
- 1 link de internet dedicado que custa R$ 3.500,00 por mês;
- 1 link de internet de contingência, custando R$ 1.500,00 por mês;
- 1 fibra ponto-a-ponto, ligando matriz e filial, ao custo de R$ 4.000,00 mês, para que a filial pudesse utilizar o ERP com desempenho necessário para operar.
Para finalizarmos meu levantamento, questionei sobre paradas na operação por problemas de infraestrutura de TI e fui informado que ao longo do último ano, de acordo com o que se recordava o analista, a empresa havia ficado com sua produção, faturamento e expedição parados o dia todo por um problema de disco no servidor de dados, aguardando chegada emergencial do disco e restauração de instalação e backup. Também houve uma parada parcial, onde aconteceu o rompimento da fibra entre matriz e filial. Ou seja, uma perda de produção e faturamento entre 20 e 25 horas ao longo do ano.
O trabalho agora consistia em calcular os custos mensais do cliente e projetar os novos custos, encontrando economia suficiente para pagar o projeto da cloud.
Calculando o custo mensal atual do cliente, chegamos no valor de aproximadamente 23 mil reais:
Energia elétrica: +/- 1680,00 (apenas servidores e ar condicionado)
Links: 9.000,00
Custo de indisponibilidade: +/- 11.700,00 (considerando 12 horas anuais, das 25 reportadas pelo TI, de indisponibilidade e parada da operação)
Obs.: O custo de mão de obra não foi levado em consideração, já que permanecerá igual mesmo se implantado o projeto.
Agora, calculando o custo mensal projetado do cliente, substituindo parte da infraestrutura local pela hospedagem dos servidores na nuvem, temos um valor de aproximadamente 13 mil reais:
Energia elétrica: +/- 530,00 (apenas um servidor, um firewall e o ar condicionado em 30% da potência anterior)
Links: 5.000,00 (movendo a operação para nuvem, não há necessidade de manter a fibra que liga matriz e filial)
Cloud: 7.000,00
Custo de indisponibilidade: zero (com os servidores em nuvem de alta disponibilidade e continuidade de operação, o custo de indisponibilidade tende a zero)
Comparando então os valores anuais, em um período de 3 anos, como proposto, temos o seguinte cenário:
Obs.1: No ano 1 está sendo somado R$ 170.000,00 no custo original, pela compra dos novos servidores e, R$ 3.500,00 no custo proposto, referente a instalação do projeto;
Obs.2: Nos anos 2 e 3, em ambos cenários está sendo considerado correção de 5,5% no custo de energia elétrica;
Obs.3: Nos anos 2 e 3, está sendo considerado correção de IGPM de 7,3% apenas no custo da cloud, no cenário proposto.
Ou seja, economia de 50% ou +/- 490 mil em um cenário de 36 meses, sem redução de mão de obra.
Com isso, podemos concluir que ao longo dos 3 anos, existe economia suficiente para pagar o projeto de cloud.
Mas em que mês atingiremos o ROI nesse caso?
De acordo com a projeção mensal abaixo, o ROI seria atingido no 11° mês.
Porém, se meu cliente investir o valor que gastaria em servidores, em uma aplicação que renda pelo menos 0,2% a.m., como a Poupança e, fizer aportes mensais do valor economizado, ao final do contrato de 36 meses, terá em caixa aproximadamente 521 mil Reais.
Se projetarmos esses valores em 72 meses, que seria mais ou menos o tempo que o cliente está com seus servidores antigos e precisando substituí-los, ao invés de ter gasto 1,6M e ter 3 servidores para trocar, ele terá sua operação com alta disponibilidade, continuidade e ainda R$ 870.000,00 em caixa, aproximadamente.
Mas sabemos que uma empresa investe com taxa melhor que 0,2% a.m. Não?! Para se ter uma ideia, ou uma meta, com 0,5% chega-se a 1 milhão! ?
Como um último exercício, vamos supor que meu cliente não precisasse comprar novos servidores e estivesse apenas fazendo uma avaliação do que valeria mais a pena.
Nesse caso, o ROI seria atingido no 29° mês.
Com isso, concluímos que no caso específico desse cliente, não importa o cenário analisado, a contratação da infraestrutura como serviço será sempre infinitamente vantajosa em relação a manutenção dos servidores on premises.
Porém, é como eu sempre digo, a jornada para nuvem já não é mais uma questão de quem fará, mas sim quando fará, pois mesmo que não haja compra de máquinas a se fazer, no longo prazo, o ROI é imbatível. Fora outros benefícios como contratação de recursos sob demanda, escalabilidade, segurança, disponibilidade, etc.
Quer saber se a sua empresa está no momento de iniciar a jornada?
Escrito por:
Gerente de Negócios inovTI
Rafael Ribeiro